quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Incra tem 60 dias para assegurar a posse de território quilombola

A Justiça Federal determinou, por meio de um agravo de instrumento — recurso jurídico que contesta decisões durante outro processo — que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) tem 60 dias, a contar da intimação, para assegurar a posse do território da comunidade quilombola José Joaquim de Camargo, localizada no bairro Votocel, em Votorantim.
 
O Incra é o responsável por executar a reforma agrária e organizar o uso e as propriedades do País. A decisão da Justiça esclarece que deve ser interrompida qualquer atividade ilegal na área do quilombo, além da paralisação de todos os empreendimentos imobiliários sob responsabilidade ou participação do Município de Votorantim e de qualquer empresa privada que eventualmente invadam o território que está em processo de reconhecimento perante o Incra, com estabelecimento de multa diária caso a determinação, publicada na segunda-feira (25), não seja cumprida.
 
Segundo Alifer Camargo, líder e presidente da Associação Quilombos José Joaquim de Camargo, no território há empresas privadas invadindo o espaço e executando mineração ilegal. “O Incra-SP tem por obrigação defender nosso território com ações para conter tudo isso que vem acontecendo há anos”, afirma Camargo.
 
De acordo com o processo, a comunidade está sofrendo com disputa por terra e cita que “a associação apresentou manifestação ratificando as razões apresentadas pelo Ministério Público Federal (MPF) no Agravo de Instrumento interposto e reforçando os argumentos com a alegação de que algumas expropriações dos moradores tradicionais já estavam ocorrendo via ações judiciais”.
 
O Incra tem o período estipulado de 60 dias para publicar o edital necessário, e adotar as medidas administrativas que assegurem a posse da comunidade José Joaquim de Camargo, até o fim do processo de titulação. Segundo o documento da ação, há multa caso o órgão não atenda as solicitações. “(...) fixo multa diária de R$1 mil reais para o caso de descumprimento injustificado desta determinação judicial”, diz um trecho do documento.
 
O Incra foi questionado a respeito dos próximos passos e sobre o tempo estipulado para ser cumprido, mas não respondeu até a conclusão da reportagem fechamento desta matéria.
 
 
Processo do MPF
 
O Ministério Público Federal já possui uma ação civil pública em andamento devido a mineração ilegal no quilombo José Joaquim de Camargo. O processo acusa o Incra por omissão, pela demora no processo de regularização da comunidade, que já dura mais de 20 anos. O Ibama também é réu citado, pela exploração mineral sem transparência, e sobre os impactos ambientais provocados.
 
O MPF solicita ainda uma análise pericial detalhada e completa a respeito dos danos socioambientais causados pela mineração ilegal e solicita que os réus sejam condenados a indenizar a comunidade em pelo menos R$ 2 milhões, voltados para programas ambientais e sociais de proteção e melhoria da qualidade de vida do povo quilombola, com multa diária para caso de descumprimento.
 
 
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul
Jornalista: Thaís Verderamis / thais.verderamis@jornalcruzeiro.com.br

 

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