sábado, 1 de novembro de 2025

'HolyWins': comunidade católica celebra festa diferente um dia após o Halloween com crianças vestidas de santos no interior de SP

Trocando doces e travessuras por cálices e bênçãos, uma comunidade católica de Votorantim, no interior de São Paulo, celebra uma festa diferente um dia após o Halloween, com crianças da catequese que se vestem de santos e participam de atividades recreativas: o HolyWins.
 
Com a escrita e a pronúncia semelhantes à palavra "Halloween", o "HolyWins", termo que vem do inglês Holy, que significa sagrado, e Wins, que significa vence, a mensagem da festa pode ser traduzida como "A santidade vence". O evento existe desde o início dos anos 2000 e mobiliza fiéis de diversas partes do mundo no Dia de Todos os Santos, comemorado em 1º de novembro.
 
O g1 conversou com Juliany Camargo, uma das mães envolvidas na organização do HolyWins de Votorantim, que explicou que o evento procura comemorar uma data do calendário católico, que não é vinculada ao Halloween.
 
"Há 5 anos celebramos com alegria a Festa de Todos os Santos em nossa Paróquia Nossa Senhora Aparecida. A cada edição, escolhemos um santo padroeiro para inspirar nosso evento. Já tivemos como patronos Nossa Senhora Aparecida, Santa Teresinha, os três Pastorinhos de Fátima como Jacinta, Lúcia e Francisco e São João Paulo II", disse Juliany.
 
Em 2025, o padroeiro da festa será São Carlo Acutis, que foi o primeiro santo millennial oficialmente canonizado durante cerimônia conduzida pelo papa Leão XIV no Vaticano. Conhecido como padroeiro da internet, Carlo Acutis ficou famoso por usar seu talento em computação para evangelizar na web.
 
A festa é gratuita e aberta ao público da comunidade, principalmente das crianças que fazem catequese. A organização fica por conta das mães das crianças da paróquia, em parceria com a equipe de catequese.
 
O momento mais esperado da festa, segundo Juliany, é o desfile das fantasias, quando as crianças se apresentam vestidas como santos, podem expressar sua devoção, fé e até mesmo a criatividade para criar as vestes e assessórios de cada personagem. Assista um dos desfiles no início da reportagem.
 
"Assim como nos anos anteriores, esperamos mais de 100 crianças participando no dia 1º de novembro, vindas não apenas da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, mas também de outras paróquias de Votorantim. Será um dia de fé, alegria e comunhão, uma verdadeira festa para o céu", acrescentou Juliany.
 
A Festa de Todos os Santos, de acordo com Juliany, é uma celebração que tem o propósito de recordar e celebrar a vida daqueles que viveram a fé com amor e coragem, pois as homenagens não servem apenas para santos que estão nos altares, mas também aqueles que fazem parte do dia a dia da sociedade como bombeiros, enfermeiros, policiais, professores e médicos.
 
O HolyWins da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, localizada no bairro Vila Domingues, em Votorantim, será realizado neste sábado (1º), das 8h30 às 11h. Para participar, basta fazer uma inscrição por meio deste formulário online.
 
A organização do evento também pede a contribuição de um prato doce ou salgado para ser dividido entre as crianças.
 
 
Halloween é um costume cultural
 
O g1 também conversou com o padre Eraclides Reis Pimenta, da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora Salesianos, de Sorocaba (SP), sobre a comemoração do Halloween, em 31 de outubro, e sua relação com o HolyWins que, muitas vezes, pode ser interpretada de forma errada entre os fiéis.
 
O padre Eraclides, que tem formação litúrgica e catequética em antropologia, fundamentos dos ritos, geografia e história, explica que o Halloween, ou Dia das Bruxas, é considerado por muitos historiadores como uma festa que costumava ser realizada pelos celtas, em homenagem aos mortos, que ganhou popularidade e foi sendo adaptada entre diferentes povos ao redor do mundo.
 
Segundo o padre, apesar de acabar sendo demonizado por alguns católicos, o Halloween é uma comemoração folclórica que, oficialmente, não é condenada pela igreja.
 
"Essa prática de vestir as crianças de santos (HolyWins) torna-se uma adaptação do costume cultural (Halloween). Isso porque as interpretações dos folclores celtas e norteamericanos, muitas vezes, é misturada e confundida com cultos satânicos e são coisas completamente diferentes", destacou.
 
Apesar da igreja também não incentivar a comemoração do Halloween, a tendência de "demonizar" datas que não fazem parte da doutrina católica deve ser desencorajada, segundo o padre. Para ele, encontros culturais precisam ser tratados com tranquilidade e clareza, principalmente, clareza inteletual.
 
 
 
Fonte  Beatriz Pereira, g1 Sorocaba e Jundiaí

 

Distrital misto: Câmara vai discutir projeto que muda forma de eleger deputados e vereadores

 

A Câmara dos Deputados prepara a votação de um projeto que prevê instituir o voto distrital misto para eleição de deputados e vereadores a partir de 2030.
 
Hoje, deputados federais, estaduais, distritais e vereadores são eleitos pelo modelo proporcional.
 
 
Diferenças de cada um:
 
▶️Modelo proporcional: atualmente em vigor. Nesse modelo, o eleitor pode votar no candidato ou no partido/ coligação. Quantos mais votos o partido/federação obtiver, mais cadeiras no parlamento ele conquista. Essas cadeiras vão sendo preenchidas pelos seus deputados mais votados.
 
▶️Distrital misto: os candidatos são divididos em distritos eleitorais, como bairros e microrregiões. Eles só disputam naquele distrito, onde só votam os moradores daquela área. 50% das vagas são preenchidas pelos mais votados. Os outros 50% são preenchidos entre os partidos mais votados, seguindo uma lista fechada de candidatos definida pelo partido.
 
🔍Mas tem uma ressalva: no sistema distrital misto tradicional, o eleitor votaria novamente, dessa vez, em um partido. Mas o relator, deputado Domingos Neto (PSD-CE), disse que a ideia é instituir o voto único, aproveitando o voto no candidato para a legenda à qual ele pertence.
 
Ou seja, ao votar num candidato, o eleitor vota automaticamente no partido desse político. Assim, os partidos mais votados elegerão, 50% das vagas, obedecendo a lista fechada pré-definida pela legenda.
 
“Pelo sistema do distrital misto com voto único, eu vou contar a proporcionalidade do partido pelos votos dos candidatos no seu distrito”, explicou o relator.
 
Segundo o deputado, o voto duplo gera um problema de proporcionalidade.
 
“Isso diminuiria a correção da proporcionalidade, que é um problema onde tem o voto duplo, como é na Alemanha. A Alemanha, para corrigir a proporcionalidade, vem aumentando o número de deputados recorrentemente”, justificou o deputado.
 
 
Barreira ao crime organizado
 
O deputado acredita que o projeto pode ajudar a inibir a entrada do crime organizado nos legislativos ao aproximar o candidato do eleitor.
 
“No momento atual, mais de 80% do eleitor nem lembra em quem votou. A gente vive em uma crise de representação gigantesca. Como existem milhares de candidatos em cada estado, o candidato que eventualmente veio do crime organizado você não sabe nem quem é”, afirmou o deputado.
 
O relator argumenta que ao instituir o voto majoritário no distrito o debate será mais qualificado, com uma cobrança maior do eleitor, fortalecendo a fiscalização e diminuindo o custo de campanha.
 
“Em eleição majoritária se joga holofote na eleição e, como consequência, se aproxima o eleitor do candidato e facilita a fiscalização. Imagina fazer debate para deputado federal como é com os prefeitos? É o caso”.
 
 
Próximos passos
 
👉🏽 A ideia é aproveitar um texto que já está na Câmara, apresentado pelo então senador José Serra e votado no Senado Federal. A proposta está parada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) desde 2017.
 
O deputado disse ao g1 que já ouviu setores da sociedade civil, presidentes de partidos e se reuniu com líderes na Câmara dos Deputados na última semana.
 
Além disso, tem procurado senadores para alinhar o texto que, com as mudanças sugeridas, precisará voltar ao Senado Federal para revisão.
 
“Vamos fazer agora com os líderes uma discussão sobre estratégia e forma. Isso deve ser feito com os líderes na semana que vem. Isso posto, o próximo passo é discutir o momento para votar o requerimento de urgência e a construção do relatório se dará ouvindo as bancadas e os partidos”.
 
O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu pautar a discussão do tema neste final de ano, sobretudo em razão do fim do período da anualidade.
 
Todas as mudanças no processo eleitoral precisam ser feitas até um ano antes do pleito. Caso contrário, só entram em vigor para as eleições seguintes.
 
Segundo o relator, agora que as mudanças só valerão para 2030, existe “ambiente político” para discutir a reforma.
 
“Conversei com boa parte dos presidentes de partidos e fiz agenda com líderes essa semana. Agora, vou visitar as bancadas. Acho que nós temos clima para poder aprovar essa reforma”, afirmou Neto.
 
 
Fonte  Luiz Felipe Barbiéri, g1 — Brasília