quarta-feira, 2 de março de 2016

CARAMUJOS GIGANTES AFRICANOS COMEÇAM A INVADIR O RIO ACIMA

Na minha caminhada matinal, deparei pela primeira vez com os caramujos, chamados Achatina fulica, podem transmitir doenças para os seres humanos.

A preocupação maior, o terreno de onde estão saindo é perto de duas escolas – EE “Perofª Clotilde Belini Capitani”; EMEF “Profº Antônio Vicente Bernardi”.

R. Lourenço Antônio de Mello - Rio Acima - Votorantim
Foto: 02 de março de 2016

O molusco é um animal hermafrodita e possui uma alta taxa reprodutiva.

É necessário aviso aos moradores para conter a infestação e evitar que alguma criança venha a brincar com o molusco e se infectarem.


Chegada ao Brasil

Conforme a bióloga e professora do curso de Ciências Biológicas da UFSCar Sorocaba, Eliane Pintor de Arruda Moraes, há três momentos em que o caramujo africano foi trazido ao Brasil, sendo em 1989 no Paraná, entre 1996 e 1998 em São Paulo, e em 1975 em Minas Gerais. Segundo ela, o animal foi trazido ao país com o objetivo de ser vendido para o consumo humano, uma vez que é consumindo na África e possui vantagens nutricionais por ser rico em proteínas. "O brasileiro não tem hábito de consumir este tipo de alimento e a demanda não ocorreu. Então, os criadores soltaram os moluscos inadvertidamente na natureza", conta.
Segundo Eliane, o Brasil vive uma fase explosiva da invasão de Achatina fulica, estando presente em 24 dos 26 Estados brasileiros e no Distrito Federal, não havendo registros desse caramujo apenas no Acre e no Amapá. "O Achatina fulica é um animal hermafrodita e possui uma alta taxa reprodutiva, sendo que um indivíduo pode depositar em média de 200 a 400 ovos por postura, podendo se reproduzir mais de uma vez por ano. O caramujo é mais eficiente na competição com outros animais, e praticamente não têm predadores no Brasil", destaca.

Segundo ela, existem duas zoonoses que podem ser transmitidas pelo caramujo africano. Uma delas é a meningite eosinofílica, causada pelo nematódeo Angiostrogylus cantonesis, que pode ter o caramujo africano como um dos seus hospedeiros. Já a outra, é a angiostrongilíase abdominal, causada pelo nematódeo Angiostrogylus.

Como conter a infestação

A Divisão de Zoonoses da Secretaria da Saúde de Sorocaba (SES) informou, em nota, que com a entrada dos meses quentes, que coincide com aumento das chuvas, há o favorecimento das condições de sobrevivência desse animal, pois aumenta a oferta de abrigo e alimento aos mesmos. A bióloga diz que para conter a proliferação dos caramujos africanos é importante o apoio da população. "É preciso manter os quintais e terrenos limpos, pois são nesses locais que os caramujos se escondem", aponta.

A Zoonoses recomenda que a população realize o controle mecânico, coletando todos os caramujos que conseguir. Os animais devem ser depositados em dois sacos de lixo (um dentro do outro), amarrados, com bastante sal dentro para matar os caramujos. Após duas horas, os sacos devem ser colocado na coleta de lixo. A coleta manual deve ser feita frequentemente, até eliminar a infestação do local.
Para que haja maior eliminação, a bióloga Eliane Moraes diz que o procedimento de catação deve ser realizado nas primeiras horas da manhã ou no início da noite. "Nesses horários os caramujos estão mais ativos e é possível coletar a maior quantidade. Além de coletar os animais, deve-se também coletar os ovos, que têm o tamanho de uma semente de mamão, são branco-amarelados e ficam semienterrados", explica.

O descarte dos moluscos pode ser feito de outras formas, diz. "Os animais devem ser incinerados ou enterrados. No segundo processo é preciso que os caramujos sejam esmagados (quebrando as conchas) para depois serem despejados em buracos, colocando uma pá de cal virgem sobre os animais."

A especialista recomenda que a coleta seja realizada com objetos de proteção, como luvas ou sacos plásticos, pois os moluscos podem transmitir doenças aos seres humanos. "O risco de transmissão dessas duas doenças pelo caramujo africano é baixo, mas pode ocorrer através da sua ingestão ou através da ingestão de verduras e hortaliças sujas com o muco do caramujo", afirma.
Portanto, a Zoonoses recomenda que os alimentos que entraram em contato com caramujos devem ser descartados. Já alimentos como frutas, legumes e verduras, que podem ter entrado em contato com os caramujos, devem ser bem lavados e desinfetados com solução de água sanitária, colocando de molho por 30 minutos (uma colher de sopa de água sanitária para cada litro de água).
A Zoonoses também recomenda que a população não jogue sal nos caramujos em ambientes livres, pois além de contaminar o solo, as conchas sobrarão no ambiente e se encherão de água de chuva, provocando proliferação do mosquito Aedes aegypti. Os caramujos vivos (sem o sal) não devem ser colocados para a coleta, pois eles romperão a sacola plástica e retornarão ao terreno ou imóvel. (Supervisão: Daniela Jacinto).

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