Idênticas
na origem
De certo modo, não há diferenças entre
as duas igrejas. Ambas são igrejas cristãs, que tem a mesma origem das Igrejas
Ortodoxas Orientais. Como tal, os anglicanos e os católicos romanos preservam a
mesma Tradição recebida dos Apóstolos. Católicos romanos e anglicanos possuem a
Bíblia, com os dois testamentos, como base de sua fé, mas também lêem os livros
“deuterocanônicos” ou “apócrifos”, que são os livros da Bíblia hebraica
escritos em grego. As duas igrejas recitam juntas os Credo Niceno e Apostólico.
Ambas administram o Batismo e a
Confirmação, celebram a Santa Eucaristia e também os outros ritos sacramentais:
a Penitência, o Matrimônio, a Unção dos Enfermos e as Sagradas Ordens.
Também afirmam ser a Eucaristia
(também chamada de Santa Ceia ou Missa) o centro de seu culto. Seus clérigos,
após anos de estudo e preparo, são ordenados primeiramente diáconos e depois
presbíteros ou sacerdotes, a não ser que sejam diáconos permanentes.
Os seus bispos são escolhidos e
consagrados por no mínimo três outros bispos, que por sua vez conservaram
cuidadosamente a linha de sucessão apostólica que remonta as igrejas
primitivas.
As duas igrejas conservam ainda o uso
do Calendário Cristão como forma de vivenciar melhor o mistério pascal. Existem
também lugares santos dedicados à Maria, Mãe de Deus, em ambas as igrejas. Além
disso, muitos anglicanos também rezam o terço ou rosário como uma saudável
prática espiritual. Ambas as igrejas usam ainda o Calendário dos Santos, com
orações especiais e leituras para os dias de festa. As duas igrejas têm ordens
religiosas para homens e mulheres que fazem votos de castidade e vivem em
mosteiros ou conventos.
Ao visitar uma paróquia anglicana (as
duas igrejas usam a mesma palavra para se referir a uma congregação) e depois
uma católica romana encontrará muitas semelhanças. No Brasil, por exemplo, as
liturgias são quase idênticas, havendo pouca variação de gestos ou vestes.
Diversas
no presente
As maiores diferenças encontram-se nos
detalhes. Essas diferenças provêm de uma questão central: “Quem tem a
autoridade na Igreja?” Através dos séculos anglicanos e romanos tem dado
respostas diferentes a essa questão. A Igreja Católica Romana tem continuado
aumentando e o prestigio do Papa, o Bispo de Roma. Em nossos dias a combinação
de uma Papa extraordinário como foi João Paulo II, com os meios de comunicação
de massa e a globalização, levaram o papado ao seu mais alto nível. Nenhum
pontífice viajou mais que ele. Mas quando visitava um país era para falar e não
para escutar. Seus bispos ao redor do mundo atuavam mais como delegados que
como supervisores da comunidade cristã regional. O ditado tão famoso de Santo
Agostinho, Roma locuta causa finita est (Roma falou o assunto está encerrado)
nunca foi tão verdadeiro.
Apesar do Concilio Vaticano II ter
incentivado a criação de sínodos locais a nível diocesano e provincial, todavia
os mesmos possuem apenas caráter consultivo. Tampouco há qualquer outra
organização que tenha alguma autoridade sobre o Papa. Por exemplo, quando o
Papa Paulo VI publicou a encíclica Humanae Vitae proibindo o controle da
natalidade, ignorou as recomendações da comissão que havia sido criada para
aconselhá-lo. Para os católicos romanos o Bispo de Roma é infalível (quando
fala Ex Cathedra). O Vigário de Cristo tem o controle absoluto de tudo. A
autoridade descende dele para seus ajudantes e seguidores.
A Igreja Anglicana decidiu trilhar um
outro caminho. Sua autoridade encontra-se dispersa em vários lugares. Não há
uma autoridade absoluta no anglicanismo. Um famoso documento sobre a autoridade
no anglicanismo aborda o tema do conceito anglicano de autoridade, o qual é
descrito como um círculo, onde o poder flui de fora para dentro. O Arcebispo de
Cantuária não tem autoridade legal fora de sua Diocese ou Província. Ele serve
como guia espiritual e símbolo da unidade. Não há no anglicanismo “Bispo de
Bispo”.
Os leigos também têm verdadeiro poder
em todos os níveis das igrejas anglicanas: eles escolhem seus bispos e pastores
e participam do dia a dia de suas comunidades (embora haja diferenças locais).
Os anglicanos esperam que seus sínodos diocesanos e provinciais de bispos,
clérigos e leigos interpretem assuntos de fé e ordem. Ao contrário da Igreja de
Roma, com seu modo claro e definitivo de tomar decisões, as igrejas anglicanas
são um pouco desordenadas e muitas vezes discordam entre si. Por exemplo, a
questão da ordenação de mulheres ao Ministério Ordenado. Poucas as ordenam às
três Ordens Sacras. Algumas não as ordenam a nenhuma, muitas ordenam apenas ao
diaconato e a Igreja da Inglaterra ordena mulheres ao diaconato e ao
presbiterado, mas não ao episcopado. Havia mulheres bispas presentes na
Conferência de Lamberth de 1998, que é a reunião global dos bispos anglicanos
que se celebra a cada dez anos. Mas como, pelo menos até o momento, as decisões
de Lamberth não têm autoridade senão somente como recomendações (visto que
precisam ser validadas pelos sínodos locais), sua presença não produziu a
mínima interrupção.
Unidade
na diversidade
Esta desordem quer dizer que
oficialmente os anglicanos têm mais liberdade de ação (e, portanto mais
desafios) que os católicos romanos como indivíduos em suas dioceses e igrejas
nacionais. Geralmente, se espera que os leigos usem os recurso da Igreja, especialmente
a adoração regular comunitária, no desenvolvimento de um caráter cristão e
capacidade de decidir moralmente. As diferentes manifestações que se encontram
no cristianismo têm seus adeptos no anglicanismo. Assim é que alguns anglicanos
usam liturgias elaboradas e solenes, originadas das práticas de adoração
antigas. Outros enfatizam o sermão evangélico e uma adoração relativamente
simples. E algumas outras mostram uma tendência ao movimento carismático ou a
iconografia das igrejas orientais. Alguns anglicanos são místicos; outros estão
sumariamente interessados na justiça social. Ademais, cada igreja nacional
procura adaptar a fé e a ordem a sua própria cultura e realidade.
Os anglicanos não afirmam ser a
“Única” Igreja verdadeira. Nem pretendem ter todas as respostas sobre Deus e a
religião. Acreditam, no entanto que possuem uma contribuição importante a dar
ao cristianismo e a humanidade. Isso da a Igreja Anglicana uma vocação
ecumênica, de abertura, acolhida e diálogo. É isso que caracteriza a famosa
inclusividade anglicana. A Igreja Romana, como condiciona o pertencimento a
Igreja Verdadeira a sujeição a autoridade do Papa, quase nunca permitem a
intercomunhão. Por isso não reconhecem a validade das Ordens Anglicanas e por
conseqüência re-confirmam e re-ordenam os anglicanos “convertidos” ao
catolicismo. Os anglicanos tendem a praticar a comunhão aberta e não re-ordenam
nem re - confirmam a católicos “convertidos” ao anglicanismo porque reconhecem
as ordens romanas como válidas. Embora as duas igrejas afirmem ser Católica, há
compreensões diferentes do que isso significa. Para os católicos romanos o
essencial é estar em comunhão com o Papa enquanto que para os anglicanos em se
manter unido à fé tal qual se foram herdados dos primeiros cinco séculos. Uma
das características permanentes do anglicanismo tem sido busca restaurar a fé a
ordem da Igreja primitiva. Este é o principio fundamental da reforma anglicana,
enquanto que a contra Reforma queria restaurar e aumentar o conceito de
autoridade papal.
A
busca pela unidade
Isso não significa dizer que não haja
mais nada a ser feito. À vontade de Deus é que haja de fato “um só pastor e um
só rebanho” (Jo 10,16b). Anglicanos e romanos buscam aprenderem uns com os
outros e superarem suas diferenças em obediência a esse mandamento.
Em um dos mais importantes documentos
da Comissão Internacional de Dialogo entre Anglicanos e católicos Romanos
(ARCIC), que é o órgão ecumênico que se dedica a impulsionar a re - aproximação
entre as duas igrejas, intitulada O Dom da Autoridade, se pede aos anglicanos
que considerem o papel benéfico que a liderança do Bispo de Roma na vida de
suas igrejas, enquanto que aos católicos romanos se pede que comecem a
considerar a importância da participação maior dos leigos e da formação dos
sínodos após o Concilio Vaticano II. Finalmente, deve ficar claro que se
existem diferenças reais entre as duas igrejas há também profundas semelhanças.
Católicos e anglicanos são ramos da mesma
Igreja Primitiva, tão próximas uma da outra e, ao mesmo tempo, tão
distante.
Há sim uma diferença e das grandes, primeiro temos que saber se trata-se de uma Igreja Anglicana original da Reforma do século XVI oficializada por Henrique VIII e sua filha Elisabeth I - pois essa igreja deve autoridade ao Chefe de Estado da Inglaterra (no caso a atual rainha). E a Igreja Anglicana de movimento contínuo - sendo as Americanas as mais comuns e conhecidas. De quaisquer formas, independente do que essas igrejas se rotulam, o importante é como a Igreja Católica Romana a reconhece: como Protestantes, através do seu Código de Direito Canônico.
ResponderExcluirfontes: Trevor Barnes "O Grande Livro das Religiões" e Código de Direito Canônico. Derlei Alberto